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O líder dos outros

Atualizado: 31 de ago. de 2021

Posições de liderança proporcionam melhores salários, status e a satisfação de ter nossas ideias aceitas. Como líder, você precisa de algumas habilidades especiais que permitirão manter o engajamento da equipe e, consequentemente, ter uma empresa produtiva, com bons resultados financeiros, mesmo que você não esteja por perto o tempo todo.


Liderar outras pessoas é para quem já lidera a si mesmo. Um "líder dos outros" deve ser capaz de compreender a visão de futuro da organização, atuar com princípios e valores que sirvam de exemplo, instruir e manter a motivação das pessoas, gerir conflitos, garantir que o trabalho seja bem feito e defender o seu grupo, quando necessário. Não obstante, o líder dos outros precisa garantir que os resultados da linha de frente sejam devidamente registrados para gerar informações gerenciais.


O líder dos outros é o segundo lugar nas camadas da liderança, acima do líder de si mesmo, abaixo do líder de líderes. Nas pequenas empresas, são os gerentes de unidade, como um gerente de loja, por exemplo. Nas médias e grandes empresas, são os supervisores que cuidam de células produtivas com duas a doze pessoas.


JESUS TEVE APENAS DOZE APÓSTOLOS


Abílio Diniz é um dos líderes mais respeitados do Brasil, com uma vida profissional muito bem sucedida. É presidente do Conselho de Administração da BRF e membro do Conselho de Administração do Grupo Carrefour. As ideias de Abílio Diniz são tão valorizadas que ele integrou o Conselho Monetário Nacional em mais de um governo brasileiro. Em 2014, quando se desligou do grupo de assuntos econômicos que assessorava a presidência da república, demonstrou insatisfação: - Eu sou um bom gestor e não consigo administrar mais de 12 pessoas abaixo de mim. Temos 39 ministérios porque os presidentes ficam reféns dos compromissos de campanha e dos acordos feitos no Congresso para governar.


O número doze ao qual Abílio Diniz se refere quando afirma ser este o máximo de pessoas que consegue administrar é uma inspiração na história de Jesus Cristo e seus doze apóstolos, que fizeram um excelente trabalho e conquistam novos seguidores até hoje, dois mil anos depois da passagem d'Ele por aqui. Em algumas organizações militares, este número pode ser menor - a cada oito soldados há um cabo. Ou seja, no nível operacional, todos os cargos precisam de um líder. Alguns cargos são ocupados por um único funcionário, enquanto outros são formados por grupos de pessoas. Quando um grupo cresce, deve ser dividido em células com um líder para cada célula.



O empresário Abílio Diniz parece certo em relação à capacidade de alguém liderar um grupo muito grande. Se o líder de 39 pessoas quiser se reunir com um de seus liderados a cada dia, levará dois meses para se reunir com todos eles. O correto seria reduzir o número de "pastas", ou dividir o grupo elegendo representantes para cada subgrupo.


COMO ESCOLHER O LÍDER DOS OUTROS


No Brasil, apenas 40% das empresas têm mais de cinco anos de vida. Deste seleto grupo, poucas se tornam grandes, com uma marca reconhecida nacionalmente. Saber escolher os líderes dos outros é uma habilidade fundamental para favorecer o crescimento de uma empresa.


Como escolher o "líder dos outros" para cada grupo de trabalho? Sempre que possível, recomenda-se valorizar a "prata da casa". Ou seja, selecionar um membro do grupo que já demonstre ser referência para os demais, que saiba ensinar as atividades a realizar, que seja requisitado quando surgem conflitos a dirimir, que tenha a confiança dos colegas. Saber "ensinar as atividades" não significa ser o membro com a melhor performance do grupo. Significa ter didática. Quantas vezes já ouvimos casos de lojas que promoveram o melhor vendedor ao cargo de gerente, perdendo um ótimo vendedor (líder de si mesmo) e ganhando um péssimo gerente (líder dos outros)?


O melhor técnico de voleibol do Brasil, Bernardinho, foi um bom jogador, mas não era excelente em todas as posições. O que importa? Bernardinho sabe tirar dos jogadores o que eles têm de melhor. Suas credenciais como jogador são importantes, sim. Mas ele é melhor técnico do que era jogador. Suas várias conquistas olímpicas e outras tantas podem confirmar sua capacidade de liderança em mais de 20 anos como técnico de seleções masculinas e femininas.


O operador deve ser o melhor em habilidades técnicas. O líder do grupo deve ser o melhor em habilidades conceituais (visão sistêmica, entendimento do processo como um todo) e de recursos humanos (capacidade de entrar em sintonia com as pessoas, obter a cooperação delas e ser seguido).


O COACHING


Valorizar as pessoas e ajudá-las a descobrir o que elas têm de melhor eleva a moral do grupo e faz com que o líder seja para sempre lembrado. É o que costuma acontecer com aqueles professores que nos provocavam na época da escola. Os professores mais lembrados são aqueles que nos tiram da zona de conforto porque sabem que podemos fazer mais.


O coaching é uma atividade que resumiria bem o papel do "líder dos outros". Um líder deve fazer coaching com seus liderados o tempo todo. O termo "coaching" anda desgastado, mas a técnica realmente funciona e vem sendo usada pelos melhores líderes desde o início dos tempos, apesar do nome "coaching" ter ganhado evidência só a partir dos anos 2000. Na minha primeira formação em Coaching Executivo, minha dupla em várias atividades tinha apenas 17 anos de idade. Utilizando as ferramentas de coaching do jeito certo, ela me ajudou a ter insights valiosíssimos!



O coaching consiste em ajudar o indivíduo a perceber o ambiente e suas próprias capacidades por novos pontos de vista, identificando as habilidades a desenvolver a fim de sair do ponto A (situação atual) e chegar ao ponto B (situação desejada), com uma performance superior.


O ideal é que o coach (profissional que aplica o coaching) entenda de comportamento humano, respeite as diferenças culturais, tenha visão sistêmica, uma pegada filosófica e seja extremamente ético, além de dominar o tema específico no qual pretende atuar - marketing, finanças, produção, etc.


Então, se você é líder dos outros, estude e pratique coaching. No dia a dia com seus subordinados, utilize as três principais ferramentas do coaching:

1) Perguntas - ao invés de dar todas as respostas, estimule o pensamento;

2) Silêncio - ouça na essência e respeite que cada um necessita para pensar;

3) Ressignificação - convide as pessoas a encarar as coisas por novos ângulos.


QUEM NÃO MEDE NÃO GERENCIA


Para ser um líder seguro, que sabe onde está pisando e em qual direção deve dar o próximo passo, você precisa acompanhar os resultados de cada atividade sistematicamente.


O método cartesiano (melhoria contínua) é uma prática fundamental para o "líder dos outros". Consiste em 1) Analisar; 2) Planejar; 3) Executar; 4) Medir. Desde o século XVII, quando René Descartes publicou o “Discurso Sobre o Método”, ninguém criou um jeito melhor de aprimorar processos. Por isso, o famoso ditado do meio empresarial: - Quem não mede não gerencia.


Você é supervisor ou gerente e não acompanha os indicadores de desempenho da sua área o tempo todo? Então, sinto muito, mas você não está supervisionando ou gerenciando coisa alguma! Veja o que os líderes dos outros precisam medir permanentemente:


PERSPECTIVA FINANCEIRA

  • Faturamento

  • Recebimentos

  • Inadimplência

  • Custos fixos

  • Custos variáveis

  • Lucro ($)

  • Lucratividade (%)

  • Rentabilidade

  • Caixa

  • Estoque ($)

  • Investimentos

  • Endividamento

  • Etc

PERSPECTIVA DO CLIENTE (MARKETING E VENDAS)

  • Satisfação de clientes

  • Novos clientes

  • Retenção de clientes

  • Participação de mercado

  • Ticket médio

  • Produtos vendidos

  • Conversão de vendas

  • Etc

PERSPECTIVA DE PROCESSOS INTERNOS

  • Unidades produzidas

  • Estoque (quantidade)

  • Refugo

  • Tempo de entrega

  • Parada de equipamentos

  • Tempo médio para reparo

  • Tempo médio entre falhas

  • Etc

PERSPECTIVA DE APRENDIZADO & CRESCIMENTO (PESSOAS)

  • Absenteísmo

  • Turnover (rotatividade)

  • Clima Organizacional

  • Competência

  • Demissões

  • Funcionários

  • Etc


Dependendo do porte ou do segmento da empresa, um "líder dos outros" pode não acompanhar os indicadores acima, mas seus desdobramentos ou o que chamamos de ítens de controle, como algum componente do custo fixo, a quantidade de visitas que um vendedor realiza todas as semanas, ou a quantidade de material utilizada em cada unidade produzida.


ESTILOS DE LIDERANÇA


Acompanhar os resultados de perto não deve servir para vigiar a equipe e sim para ajudá-la a produzir mais e melhor, contribuindo para que todos façam parte do time que vence. Na verdade, alguns profissionais não toleram uma liderança muito vigilante. Uma vez, perguntaram a Stebe Jobs, o CEO da Apple, se ele não tinha receio de dar tanta liberdade aos funcionários, deixando que eles definissem os próprios horários de trabalho, fossem à empresa com roupas informais e lá malhassem na academia ou batessem papo. Steve Jobs respondeu: - Não faz sentido contratar pessoas inteligentes e dizer-lhes o que precisa ser feito; nós contratamos pessoas inteligentes para que eles possam nos dizer o que fazer.


Steve Jobs estava certíssimo! O estilo de liderança depende do nível de maturidade da equipe. Quando temos uma equipe iniciante, precisamos pegar na mão de cada um e ensinar a andar, como se faz com os filhos quando eles estão nos seus primeiros passos. Nesta fase, o estilo ideal de liderança é o autoritário, com o líder tomando as decisões e liderados obedecendo. Depois de algum tempo de experiência, vemos a equipe cheia de energia, achando que já sabe fazer de tudo, mas cometendo inúmeros erros, assim como fazemos na adolescência. Nesta fase, o líder ideal é o democrático - aquele que ouve e considera todas as opiniões, mas ainda toma a decisão final e acompanha a execução de perto. Enfim, quando a equipe está madura, adulta, o estilo de liderança mais adequado é o laissez faire, pois nenhum adulto que sabe o que deve ser feito tolera um chefe no seu pé o tempo todo.


O QUE NÃO FAZER


Depois de saber o que um líder dos outros deve fazer, você precisa saber também o que um líder dos outros não pode fazer. Afinal, Algumas práticas podem provocar o desinteresse das equipes, gerar desrespeito e desobediência, desgaste da marca da empresa e gasto de energia sem retorno. Os erros mais comuns de "líderes dos outros" são:

- Queixar-se da empresa e dos superiores com a equipe;

- Não cumprir com a palavra;

- Não conhecer os membros da equipe;

- Usar estilo incompatível com a maturidade da equipe;

- Reter conhecimento;

- Fazer com as próprias mãos o que poderia ser delegado;

- Subestimar o poder do planejamento;

- Acreditar que já sabe o suficiente;

- Não incentivar a criatividade e o desenvolvimento;

- Deixar o feedback para depois;

- Repreender em público;

- Não acompanhar os números.



COMPONENTES DA LIDERANÇA


Em alguns ambientes, você lidera. Noutros, pode ser liderado. Tudo vai depender dos três componentes da liderança. Como diz Mário Sérgio Cortella, você não precisa protagonizar o tempo todo. Reconhecer este fato pode ser libertador para algumas pessoas. Somos treinados para acreditar que alguém com espírito de liderança será líder o tempo todo, em qualquer lugar. Não é bem assim! Você pode ser líder na igreja do seu bairro e ser liderado na empresa, ou vice-versa. E o que há de errado nisso? Nada!


O líder dos outros deve saber que a liderança não depende só dele. A liderança é composta por:

  1. Liderados - as competências, a cultura, o grau de maturidade;

  2. Ambiente - aspectos do macroambiente (política, economia, tecnologia, concorrência, etc) e do microambiente (recursos internos, sistematização de processos, integrantes da equipe, etc) influenciarão na liderança;

  3. Líder - representa 1/3 do sucesso do negócio. Caso o líder não consiga se integrar aos dois primeiros componentes da liderança, não terá sucesso.


CAVALEIROS JEDI E PADAWANS


Nos filmes Star Wars (Guerra nas Estrelas), os Cavaleiros Jedi são sábios e admirados guerreiros do lado bom da força. O Padawan é o jovem que está em treinamento para tornar-se um Jedi, um dia. Quer saber o que credencia um Padawan a tornar-se um Jedi? Decidir ser um Jedi.


Poucos Padawans conseguem perceber que serão eternos aprendizes e não existe um ritual específico para se tornar um Jedi. Não existe um batizado, uma faixa, uma coroação. O Padawan simplesmente se torna Jedi, assim como um menino se torna homem. Um dia, você olha para ele e percebe que o tempo passou, ele amadureceu e já pode bater asas e voar.



Se o seu sonho é ser "líder dos outros", reflita sobre sua autoconfiança e seu senso de merecimento. Duas crenças limitantes podem afastar você do seu objetivo - a crença na incompetência e a crença no não merecimento. Se você tem as habilidades necessárias e se julga merecedor de ser um Jedi, empunhe o seu sabre de luz e lute!


Seja feliz!


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